“A linguagem nas culturas de tradição oral tende a manter-se em sintonia com os ritmos e ressonâncias específicas da paisagem sonora local. É influenciada pelo canto dos pássaros e pela voz de outros animais, pelo silvo dos ventos através das árvores e pelos padrões específicos de luz e sombra que imperam na região. Para esses povos, a linguagem é um discurso ativo _um grito, uma canção e um suspiro. Falar é participar diretamente da vida dinâmica da Terra. No entanto, aqueles de nós nascidos nas sociedades alfabetizadas, intelectualizadas, tendem a supor que a linguagem é um atributo exclusivo do ser humano. Quando falamos, não sentimos que estamos participando de um mundo vivo maior ou conversando com ele, mas sim que estamos ‘representando’ o mundo, mantendo-nos separados dele, observando-o de fora. Em vez de nos unir ao mundo além-do-humano, a linguagem nos separa dele. Isso é uma maneira radicalmente distinta de experienciar a linguagem em relação ao uso que faziam dela os nossos ancestrais de cultura oral.”
Do filósofo norte-americano David Abram
Publicado
quinta-feira, 22 de setembro de 2011 às 3:02 pm e categorizado como Blog.
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O que diz a chuva?
“A linguagem nas culturas de tradição oral tende a manter-se em sintonia com os ritmos e ressonâncias específicas da paisagem sonora local. É influenciada pelo canto dos pássaros e pela voz de outros animais, pelo silvo dos ventos através das árvores e pelos padrões específicos de luz e sombra que imperam na região. Para esses povos, a linguagem é um discurso ativo _um grito, uma canção e um suspiro. Falar é participar diretamente da vida dinâmica da Terra. No entanto, aqueles de nós nascidos nas sociedades alfabetizadas, intelectualizadas, tendem a supor que a linguagem é um atributo exclusivo do ser humano. Quando falamos, não sentimos que estamos participando de um mundo vivo maior ou conversando com ele, mas sim que estamos ‘representando’ o mundo, mantendo-nos separados dele, observando-o de fora. Em vez de nos unir ao mundo além-do-humano, a linguagem nos separa dele. Isso é uma maneira radicalmente distinta de experienciar a linguagem em relação ao uso que faziam dela os nossos ancestrais de cultura oral.”
Do filósofo norte-americano David Abram
Publicado quinta-feira, 22 de setembro de 2011 às 3:02 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.