Que venga la revolución?

“Estar duro em Nova York era ser dominado por um sentimento de fracasso constante e incômodo, já que você era constantemente confrontado por gente que não apenas tinha mais, como muito, muito mais. Meu orçamento diário era de 12 dólares, e toda extravagância acarretava um sacrifício correspondente. Se eu comprasse um cachorro-quente na rua, tinha que compensar a grana comendo ovos no jantar ou caminhando 50 quarteirões até a biblioteca em vez de pegar o metrô. O jornal era fisgado em latas de lixo, seção por seção, e eu estava sempre à espreita de uma boa receita de sobrecoxa de frango. Do outro lado da cidade, no East Village, o grafite exigia que os ricos fossem comidos, presos ou dizimados por impostos. Embora às vezes parecesse boa ideia, eu torcia para que a revolução não acontecesse durante a minha vida. Eu não queria que os ricos partissem até que eu pudesse, ao menos brevemente, unir-me às suas fileiras.”

Trecho da crônica O Grande Salto Adiante, de David Sedaris

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