quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Melhor formar um casal dialético ou homeopático?

“- bem, você que vive lendo, você entende o que é dialética?
– ah, não sei, mas acho que entendo. é quando uma coisa precisa do contrário dela para poder prosseguir e ainda se modificar, entende?
– tipo o quê? tipo pra poder parar de fumar eu precisaria fumar muito, até saturar o corpo de fumo e aí parar?
– é, tipo isso mesmo.
– mas duas coisas iguais também não funcionariam, nesse caso? assim, para parar de fumar, parar mesmo de fumar? isso seria uma antidialética?
– não, isso é homeopatia.”

Trecho de comum de dois, e-book de Noemi Jaffe 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ocupação chique

“Não vamos falar aqui de Pedro Álvares Cabral, muito embora a origem das escrituras de imóveis privados sobre áreas públicas esteja nas capitanias hereditárias dos portugueses. Já faz muito tempo e ninguém mais se interessa pelo assunto. O que gera furor é quando os sem-teto descamisados ocupam áreas ou edifícios ociosos para poderem ali morar. É um ataque ao direito e à lei. Onde já se viu, invadir o que é dos outros? Forma-se então uma ‘Santa Aliança’ entre promotores, o Judiciário e políticos de plantão em defesa do Direito à Propriedade. ‘Invadiu, tem que desinvadir!’, disse certa vez o governador de São Paulo para delírio da elite paulista.
Pois bem, é preciso ser coerente. Invadiu, tem que desinvadir? Vamos lá então. Apenas na cidade de São Paulo as áreas públicas invadidas ou com concessão de uso irregular para a iniciativa privada representam mais de R$ 600 milhões de prejuízo anual para o poder público. A CPI das áreas públicas de 2001 mostrou que as 40 maiores invasões privadas representavam na época 731 mil m² de área. E quem são os invasores?Comecemos pelo setor de divertimentos. Os clubes Pinheiros, Ipê, Espéria, Paineira do Morumby e Alto de Pinheiros estão total ou parcialmente em áreas públicas e com cessão de uso irregular. Invadiu, tem que desinvadir! Cadê a bomba de gás na piscina do Morumbi? Ah sim, isso sem falar no Clube Círculo Militar de São Paulo e no Clube dos Oficiais da Polícia Militar. E aí, quem topa despejar?”

Trecho de Quem são mesmo os invasores?, artigo de Guilherme Boulos

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Todo fofoqueiro é um conservador?

“A fofoca atua como um policial do status quo. Aquilo que sai do quadradinho, do caretinha, o ti-ti-ti quer enquadrar.”

Do ator Paulo Betti

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Só em você conseguirei repousar?

“A lua girou, girou
Traçou no céu um compasso
Bem que eu queria fazer
Um travesseiro dos seus braços”

Trecho de Minervina, canção de domínio público
Interpretada por Karina Buhr

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Filhos da imposição

“- Vou ser franca. Sempre achei horrível mandar para o mundo alguém que não tivesse pedido.
– Eu sei, mãe – disse Alain.
– Olhe ao seu redor: de todos que você vê, ninguém está aqui por vontade própria. Claro, o que acabo de dizer é a verdade mais banal de todas as verdades. A tal ponto banal, e a tal ponto essencial, que deixamos de vê-la e de ouvi-la.
Alain continuou seu caminho entre um caminhão e um carro que o apertavam dos dois lados havia alguns minutos.
– Todo mundo fala sem parar sobre os direitos humanos. Que piada! Tua existência não se fundamenta em nenhum direito. Nem mesmo acabar com sua vida por sua própria vontade eles te permitem, esses cavaleiros dos direitos humanos.
A luz vermelha acendeu em cima do cruzamento. Ele parou. os pedestres dos dois lados da rua começaram a caminhar para a calçada em frente.
– Olhe pra todos eles! Olhe! Pelo menos a metade das pessoas que você vê é feia. Isso também faz parte dos direitos humanos, ser feio? E você sabe o que é carregar sua feiura a vida inteira? Sem o menor descanso? Seu sexo também, você não escolheu. Nem a cor dos seus olhos. Nem seu século. Nem seu país. Nem sua mãe. Nada do que conta. Os direitos que um homem pode ter dizem respeito apenas a futilidades pelas quais não existe razão alguma para lutar ou escrever famosas Declarações!
Ele começou a andar e a voz da mãe amansou:
– Você está aí tal como é porque fui fraca. Foi culpa minha. Peço que me desculpe.
Alain calou-se, depois disse com voz calma:
– Do que você se sente culpada? De não ter tido força para impedir meu nascimento? Ou de não ter se reconciliado com minha vida, que, por acaso, não é assim tão ruim?
Depois de um silêncio, ela respondeu:
– Talvez você tenha razão. Sou, portanto, duplamente culpada.”

Trecho de A Festa da Insignificância, romance de Milan Kundera

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Qual a diferença entre o vestido e a batina?

Cartum de Renan César

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Horário eleitoral ou Globo Rural?

“O candidato Paulo Skaf afirmou que Geraldo Alckmin não tem ‘tesão’ para administrar o Estado. Além de o termo ser inadequado, beirando a grosseria, eu, como agrônomo e com experiência em reprodução animal, gostaria de dizer que estamos escolhendo um governante e não um touro reprodutor.”

Carta que o leitor David B. Nascimento enviou para a Folha de S.Paulo

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Jornalismo alfinetativo

Entrevista de Bonnetchy com Dilmona

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A culpa é sempre do governo?

Faixa para uso de bicicletas, instalada pela
prefeitura de São Paulo

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Generalizações nunca resultam em boa literatura?

“Puta merda! Aí o cara escreve assim: ‘um turbilhão de sentimentos’. E desse ‘turbilhão’ – que ele diz que sente -, covardemente não é capaz de confessar um sentimento só. Unzinho sequer. Vejo muita gente abusando desses excessos tsunâmicos. Relatando, à la Roberto Carlos: ‘são muitas alegrias e emoções’. Eu, como leitor, só quero uma pequenininha. Uma alegria miudinha já me basta. Uma emoção que me toque, oh, particularmente. Escrever é sempre ‘particularmente’.”

Do contista Marcelino Freire
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