O mais fácil, às vezes, é o mais difícil?

 “Eu consigo me tornar uma pessoa disciplinada, eu consigo decorar uma hora de texto, 72 poemas e dez números de telefone. Eu consigo beber menos, comer menos e amar mais. Eu consigo me lembrar de aniversários e das contas a pagar. Eu consigo trabalhar em prol do bem do planeta, seja lá o que isso signifique. Eu consigo reciclar meu lixo, fazer backup do meu computador e ser atenciosa com um amigo que está doente. Eu consigo terminar muitos dos livros que começo e ter a sabedoria de largar mão dos que não me agradam antes de chegar ao terceiro capítulo. Eu consigo ter caráter sem ser moralista. Bom senso sem ser medrosa. E safada sem deixar de ser romântica. Eu consigo me habituar às mudanças políticas e arquitetônicas na paisagem da cidade. Eu consigo não dar bola para o cara que deveria estar me dando bola. Se eu quiser, consigo ser gentil com uma pessoa grossa, não me vingar de uma pessoa maldosa e ser generosa com os egoístas. Eu sei pedir desculpas. Eu sei ouvir ‘desculpa’. Eu consigo ser complacente com os equívocos alheios e não me dar colo quanto aos meus. Eu consigo emagrecer. Eu consigo engordar. Eu consigo até ter fé. Mas eu não consigo passar mais de 24 horas sem perder uma chave, um isqueiro ou derrubar um cinzeiro no chão.”

Da atriz Maíra Dvorek

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