Mais do que uma época, a modernidade é uma ética?

“[Para o filósofo Michel Foucault], a modernidade equivale sobretudo a uma atitude, ‘um modo de se relacionar com a realidade contemporânea’. Essa atitude possui dois aspectos principais. O primeiro é uma atenção ao tempo presente, o contínuo questionamento do contexto ao qual pertencemos, que nos molda e em relação ao qual devemos nos situar. Repetindo Baudelaire, Foucault afirma: ‘Você não tem o direito de desprezar o presente’. Mas a modernidade é também, e crucialmente, ‘um modo de relação consigo mesmo’, o que Foucault chamou de ‘asceticismo indispensável’. ‘Ser moderno’, ele explica, ‘é não aceitar a si mesmo como se é no fluxo dos momentos que passam; é tomar a si mesmo como objeto de uma elaboração complexa e difícil (…). É sentir-se compelido a se inventar’. Assim, para Foucault, a atitude que define a modernidade é essa atitude crítica de constante interrogação sobre quem somos, como fomos constituídos como sujeitos e, simultaneamente, de trabalharmos nossos limites e tentarmos ir além deles, ‘um trabalho paciente que dá forma à impaciência da liberdade’.”

Trecho do ensaio Ruth Corrêa Leite Cardoso: a Intelectual e Seu Tempo, de Teresa Pires do Rio Caldeira

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