Entrar pelo cano

“Imagine um filósofo.
Pronto? Agora, me diga uma coisa: por que ele está de barba aí em seus pensamentos? Como eu sei? Ora, eu sei, você sabe, todos sabem: os filósofos usam barba, por várias razões. Primeiro: tanto a barba quanto o conhecimento têm de ser cultivados, numa relação dialética. Enquanto o filósofo filosofa, a barba cresce e enquanto a barba cresce, o filósofo filosofa. Houve um filósofo, inclusive, que de tanto filosofar chegou à conclusão de que não era a barba que crescia a partir de seu rosto, mas sim o contrário: o rosto é que brotava das raízes de sua barba. Desde então, nunca mais chegou perto de uma gilete, com medo de que seus pêlos ficassem pairando no ar, diante do espelho, enquanto seu corpo escorreria pelo ralo da pia.”

Trecho da crônica Debaixo de Nossos Narizes, de Antonio Prata

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