Ave, Eva

“esperar Eva Green vir a São Paulo
por acaso conhecer Eva Green
convidar Eva Green para uma feijoada
beber com Eva Green cerveja e Salinas
ensinar Eva Green a sambar
no fim do dia ver com Eva Green o sol se pôr na praça do Pôr do Sol
se Eva Green for maconheira é melhor ter um baseado no bolso
falar de Rimbaud com Eva Green
mas Eva Green tem cara de quem prefere Baudelaire
traduzir Bandeira para Eva Green
Tom Jobim para Eva Green
Bocage para Eva Green
em hipótese alguma ler os poemas que escrevi sobre Eva Green
tomar um drinque no Terraço Itália com Eva Green
visitar Betito e Gô com Eva Green
não ir com Eva Green ao La Tartine
a não ser que Eva Green esteja muito nostálgica
ir ao cinema com Eva Green?
à praça Roosevelt com Eva Green?
sei que Eva Green não gosta de boate
apresentar a Eva Green uma boa padaria
amanhecer na Paulista com Eva Green
roubar um carro conversível
e descer para Santos com Eva Green
dormir num hotel barato mas limpinho com Eva Green
fazer amor com Eva Green
levantar tarde e comprar um biquíni
e protetor solar para Eva Green
comer mariscos com Eva Green e beber mais cerveja
em algum quiosque da beira da praia
quando Eva Green disser ‘vou dar um mergulho e já volto’
depressa avisar Eva Green que a água está poluída
consolar Eva Green por esse triste fato
prometer levar Eva Green a Picinguaba
onde o mar é verde como os olhos de Eva Green
agora sim mostrar para Eva Green os poemas que fiz para Eva Green
depois voltar ao hotel com Eva Green
massagear os pés de Eva Green
e deixar que Eva Green durma tranquila
então abrir a janela e tomar uma dose de uísque
olhando as estrelas e relembrando a infância
e sentir a maresia invadir o quarto e a cama
onde Eva Green dorme de lado com minha camiseta
e esfrega um pé no outro enquanto sonha”

Plano, poema de Fabrício Corsaletti

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