Arquivo de novembro de 2015

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Por que procuramos no outro o que só poderemos encontrar em nós mesmos?

Ilustração de Lokáz

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Política para quem precisa de política

“Agora, o governador de São Paulo reclama que as ocupações dos colégios são políticas. Claro que são. O que mais poderiam ser? São um ato político. Qual o problema disso? É proibido agir politicamente? Também o governador é político e age como tal. Também a proposta de reforma do ensino que faz é política. O que mais poderia ser? Pode ele imaginar, a sério, que um remanejamento de alunos dessa ordem, que o fechamento de um número considerável de colégios seja outra coisa que não um ato político? Se não é, seria o quê, então, um ato de natureza divina? Seria algo da ordem da natureza? Seria uma ‘decisão técnica’? A escola pública no Brasil é algo complexo: faz um bom tempo que se tornou mais que tudo um depósito para pobres. Eles não precisam aprender, é até melhor que não aprendam muito. O importante é que as escolas existam formalmente. É essa concepção (política) que leva Alckmin (ou seu secretário, tanto faz) a meter a mão na escola pública sem nenhuma delicadeza. Não discuto o mérito da reforma proposta. Não entendo disso. Mas entendo a desconfiança dos jovens muito bem.”

Do blog de Inácio Araujo

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sobre o extermínio


 
Os Estados Unidos celebraram ontem o Dia de Ação de Graças. Como inúmeros filmes já nos mostraram, trata-se de um feriado em que os norte-americanos agradecem pelos bons acontecimentos do ano na presença de amigos e familiares. A confraternização geralmente se dá à mesa e o peru faz as vezes de prato principal. Só em 2015, estima-se que 46 milhões de aves morreram para honrar a tradição. Num único dia e num único país, 46 milhões de aves… Reflita um instante sobre o quão gigantesco é o número. Pense também no quanto a matança deverá crescer se considerarmos a infinidade de perus – e de frangos, bois, peixes, cordeiros, porcos – que o mundo irá abocanhar durante o Natal e o Réveillon. Procure tornar a cifra bem palpável. Uma ajuda: a Espanha abriga hoje 46 milhões de habitantes. Em questão de horas, portanto, o Thanksgiving Day devora uma Espanha inteira. “Que comparação idiota!”, reclamarão muitos. “São apenas perus, não espanhóis.”  Sem dúvida, apenas perus… Mas por que valeriam tão menos que espanhóis – ou holandeses, canadenses, indianos, paraguaios, brasileiros? Por que não gozam da compaixão e das imunidades com que blindamos cães, gatos e outros animais de estimação? O que define a importância de cada ser vivo? Que pré-requisitos garantem às criaturas o direito de ter proteção: o fato de sentirem dor e medo? De ansiarem desde o nascimento por liberdade? De zelarem pelas crias? De se afeiçoarem à própria existência? Segundo tais critérios, que me parecem nobilíssimos, não há nenhuma diferença entre nós, humanos, e os bichos que costumamos matar. Então por que ainda julgamos moralmente defensável apreciá-los mortos em almoços e jantares que pretendem festejar a vida?

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Aquele parafuso a menos faz mesmo alguma falta?

“Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata.”

Da psiquiatra alagoana Nise da Silveira

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Haverá futuro no futuro?

Cartum de André Dahmer

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Já ganhou o sorriso de um velho hoje?

“No império do jovem [em que vivemos], por incrível que pareça, os idosos estão começando a receber agrados, gentilezas, certos privilégios das relações interpessoais. As famílias deixam os idosos sentarem na frente no carro. O idoso, quando não atrapalha, quando não é chato, quando não é repetitivo, goza de simpatia (…).
O velho tem mais tempo para jornal e revistas. O velho novidadeiro tem tempo para pescar novidades, é visto como um cara divertido. E se ele assim for, nem importa que seu caminhar seja mais lento e que para entrar e sair de veículos emita alguns ‘ai-ai-ais’. Como é que nós vamos achar uma explicação para isso, neste mundo tão preconceituoso com as rugas e as dores tão próprias da ‘melhor idade’?
Tenho uma hipótese, que quase acho ser uma tese: a vida profissional e afetiva hoje em dia está tão competitiva, tão difícil e estressante que os maduros, isto é, os adultos jovens, não podem se permitir sorriso, simpatia, contato suave e despretensioso. Já o velho não tem que competir na raia da corrida pela vida glamourosa. Ele já é tudo o que podia vir a ser. Não sendo doente, o idoso vive num espaço relaxado. É livre para curtir o aqui/agora. Os indivíduos que estão no centro do universo da inclemente vida pública têm que ser eternamente desconfiados, atentos, sempre à busca de eficiência.
O idoso no aeroporto, no parque, na praia, de manhã pelas ruas, depara-se com um mundo de sorrisos. Se ele sorrir, ele receberá uma acolhida afetiva. Naturalmente isso não vale para a mãe carente que telefona com frequência. Ou o pai, tio ou avô que atrapalha com suas perguntas, queixas. O bem querer do idoso tem a ver com ajudar sem atrapalhar. Tem a ver com o sorriso. (…) Os sorrisos que acolhem são uma libertação dos jovens e adultos, que se sentem livres para olhar sem ver competição.”

Trecho de Rugas em vantagem, artigo da psicanalista Anna Veronica Mautner

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Como pudemos deixar o mar tão à beira do mal?

Lama com rejeitos da mineradora Samarco avança sobre o litoral do Espírito Santo.
A foto é de Gabriel Lordêllo
(clique na imagem para ampliá-la)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Quando me for, irei?

“tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido
e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado”

Da poeta Alice Ruiz

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Poema de uma morte anunciada

“I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?”

A profética Lira Itabirana, de Carlos Drummond de Andrade, publicada originalmente em 1984

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A metamorfose

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