Arquivo de março de 2014

quarta-feira, 26 de março de 2014

Fascínio pelo espelho

“Eu estava me vestindo nessa hora, de pé ao lado da cama. Julia olhava para mim.
‘Cora, tu acha que sentir atração por um corpo igual ao nosso tem algo de narcisista?’
“O que eu acho é que os teus peitos são maiores que os meus.’
‘Haha. Muito engraçado.’
Minha calça jeans tinha ido parar bem longe de nós. Eu fui até ela. Uma moeda caiu do bolso, e o curioso é que eram dez centavos de euro.
‘Não foi Freud que disse isso, sobre narcisismo e as relações homossexuais?’, perguntei.
‘Nem ideia. Tu já leu alguma coisa do Freud?’
‘Nah.”
‘Mas tu ficaria contigo mesma.’
‘Isso é uma pergunta?’
‘Eu acho que tu ficaria.’
‘Tu ficaria?’
‘Não comigo.'”

Trecho de Todos Nós Adorávamos Caubóis, romance de Carol Bensimon  

terça-feira, 25 de março de 2014

Por gentileza, não botem realidade nos meus sonhos

O único jeito de manter uma fantasia intacta é abdicar de vivê-la?

A partir de uma reflexão do escritor Amós Oz

terça-feira, 25 de março de 2014

Melhor saber um tanto de tudo ou tudo de um tanto?

“Por séculos a nossa sociedade endeusou a ‘informação’ como um fim em si. Logo, ter muito de algo muito bom nunca foi visto como um problema, pelo contrário. Para mostrar seriedade, os políticos afirmam que leem três jornais assim que acordam – mesmo que a redundância represente tempo desperdiçado; um operador da Bolsa sempre tem pelo menos dois monitores na sua frente, para acompanhar tudo em tempo real – mas ele ignora que acompanhar microvariações obsessivamente dificulta uma visão mais ampla das trajetórias das empresas; nos vangloriamos de bibliotecas particulares repletas, mesmo que não tenhamos lido metade do que está na estante e continuamos comprando coisas novas; guardamos páginas nos favoritos para ler depois e nunca voltamos a elas; sintonizamos o rádio de manhã e ouvimos a situação do trânsito em uma rua que nunca vamos pegar. No fim, usamos muito a informação como marketing, e não somos os únicos. Os canais de notícia garantem que nos deixarão ‘bem informados sobre tudo’ e buscamos isso, ainda que, no fim do dia, não fique claro que diferença fez saber os resultados do campeonato francês ou os detalhes de uma nova enchente no Sudeste asiático.
Dá para dizer que você fica pior ao saber dessas coisas inúteis? Deixe eu colocar algumas minhocas na sua cabeça.
O nosso cérebro tem bastante espaço, é verdade, mas existe algo chamado ‘memória de trabalho’, algo como a RAM do computador, que – grosso modo – é onde fica o que estamos aprendendo antes de ser assentado na memória mais profunda. É possível sugerir que se entupirmos a nossa cabeça de coisa que necessariamente vamos esquecer antes de dormir podemos ficar sem espaço para rodar programas mais importantes, ou para desempenhar tarefas com mais foco. O espaço ocioso no cérebro é importante, para desenvolvermos novas ideias ou concatenar pensamentos soltos. Ainda sobre o nosso corpo, poderíamos também começar a pensar que ‘informação em excesso faz mal’ porque a maneira que escolhemos para consumi-la – cada vez mais, sentados diante de uma tela – pode arruinar nosso senso de tempo e aumentar o sedentarismo.
Precisamos notar qual o efeito psicológico que essas notícias têm sobre nós. Comece a perceber qual a sua reação ao ler algo online. Você fica mais ansioso, querendo responder imediatamente (talvez nos comentários)? Ou mais desnecessariamente preocupado, por causa da notícia de um crime ou um acidente de avião (o cérebro não se importa muito com estatísticas)? Ou mais desesperançoso e cínico, por não acreditar nos nossos representantes e na democracia, depois de mais uma notícia de corrupção (você lembra de ter lido algo positivo sobre algum político)? Com mais inveja de uma celebridade e sua barriga malhada? (…)
Não à toa, ser inteligente hoje poderia então ser definido como ser seletivamente ignorante. Ou, para usar uma citação de Nassim Taleb, autor do livro Antifragile: ‘Eles acham que inteligência significa notar coisas que são relevantes (detectar padrões); em um mundo complexo, a inteligência consiste em ignorar coisas irrelevantes (evitar padrões falsos)’.”

Trecho de Ser inteligente hoje é saber ser seletivamente ignorante, artigo de Pedro Burgos

terça-feira, 25 de março de 2014

Lei das compensações

“A natureza é ou não é sábia? Quando as rugas começam a aparecer, a vista pifa.”

Do Facebook de Cynara Menezes

segunda-feira, 24 de março de 2014

Se liberaram a paixão, por que não liberam outras drogas pesadas também?

HQ de Ryan Pagelow

segunda-feira, 24 de março de 2014

Menos opções, please

“Pedir um café já é parte da existência, é hábito, é ritual inconsciente.
Foi assim que na semana passada eu me sentei numa mesa para uma reuniãozinha e imediatamente pedi o meu café.
— Vou trazer o cardápio.
— Não precisa. Eu só quero um café.
— Vou lhe trazer o cardápio.
Foi colocado em minhas mãos um cardápio de cafés. O mundo está ficando mesmo muito complicado! Não sabia o que fazer. Queria provar todos! Eu adoro café! Mas uma xícara de café é um dos poucos portos que ainda temos neste caleidoscópio ciclônico que inventamos pra viver e não gostaria que também isso passasse por uma reforma toda semana! É porto. Quero reconhecê-lo e senti-lo tal como é a cada vez. Como um copo d’água. Meu Deus! Será que vão fazer isso com a água também?! Teremos que escolher que água vamos querer tomar? Já não basta o que aconteceu com o nosso vinho? Adoro um bom vinho, mas me aflijo um pouco quando alguém na mesa ousa chamá-lo de selvagem ou impetuoso. Minha alma se agita no vazio na busca de tanta particularidade para coisas tão essenciais. ‘Escolha é perda.’ Li uma vez essa frase e ela me conforta muito em momentos de indecisão. Devolvi o cardápio ao garçom pedindo só um café normal.
— Mas de qual normal a senhora gostaria?
— Aquele! — apontei pra mesa do lado.
Decidi perder todas as possíveis variações do grão pra ganhar de volta o meu café. O normal, o qualquer um.”

Trecho de Apenas um Café, crônica de Denise Fraga

segunda-feira, 24 de março de 2014

Quase fofo

O tubarão é um golfinho sociopata?

A partir de uma boutade do humorista Gregorio Duvivier 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Quanto tempo você já gastou no Facebook?

Descubra aqui.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Da boca pra fora

O que menos se encontra no galanteio é amor?

A partir de um aforismo de François de La Rochefoucauld

sexta-feira, 21 de março de 2014

Há quem realmente nasça sabendo?

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