Arquivo de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma possibilidade de amor

“Quando cheguei ao bar e a vi, rodeada de rostos conhecidos; quando sentei, sorrindo, depois de dar oi a todos e falando alguma dessas bobagens que a gente fala ao chegar, e os outros riem, e nos sentimos acolhidos na turma de cinco amigos em meio a 18 milhões de desconhecidos; não percebi o que estava para acontecer. Achei-a bonita, ponto. E pensei _no momento em que puxava a cadeira para me sentar: quem é essa moça que eu não conheço, em meio aos outros que conheço tanto?”

Trecho da crônica Promessa, de Antonio Prata       

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Superego no bucho

Tirinha de Fernando Gonsales
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fita métrica

“‘Quem é o maior poeta, o Carlos Drummond ou eu?’, passou a perguntar João Cabral de Melo Neto, sempre que se sentia mais à vontade diante do seu interlocutor. Pouco à vontade ficava neste caso o interlocutor. Interpelado um dia nestes termos por João Cabral, o escritor Antonio Carlos Villaça teve que sair com um ‘Não, não é bem assim, na verdade vocês dois não são homens altos…’”

Trecho de Os Sapatos de Orfeu, biografia de Carlos Drummond de Andrade escrita por José Maria Cançado  

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Nenhuma cidade do país reúne céu e inferno como o Rio de Janeiro?


Foto de Urbano Erbiste
O título do post se inspira em um artigo da atriz Fernanda Torres:
No Rio, as contradições sociais são infinitas
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Prazer em desconhecê-lo

“A perversidade é o único desporto que pratico. Com regularidade. Um exemplo: alguém me apresenta uma celebridade, dessas que são conhecidas por serem conhecidas, e eu finjo que nunca ouvi falar. ‘Como é mesmo o seu nome?’ O personagem em causa repete o nome, como se tivesse escutado uma heresia. O rosto não mente: a estupefação profunda; o naufrágio iminente; por vezes, a revolta silenciosa, dolorosa; mas, em todos os casos, uma velha insegurança, que vem das profundezas da alma. Às vezes, quando estou em forma, subo a parada. A pessoa repete o nome. E eu, propositadamente, troco a profissão. Se é um cantor, digo que já o vi numa novela. Se é um ator, confundo com um cantor. É o golpe final na vaidade da criatura. A minha perversidade não é um traço de caráter. De mau-caráter. É, quando muito, uma experiência sociológica: as pessoas podem ter todos os aplausos do mundo; podem ter legiões de assessores, adoradores e puros escravos; mas se não existe uma personalidade segura e forte por detrás da máscara, qualquer pequena pedra na engrenagem faz tremer e descarrilar a máquina. Eu sou a pequena pedra.”

Trecho do artigo Ligados à máquina, de João Pereira Coutinho

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Viver

Não nos ensinam a nadar nem nos oferecem uma boia. Apenas nos metem nesta barca furada e… virem-se! O que nos resta então? Tornar o naufrágio minimamente divertido.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tanquinho

Cartum de Rafael Corrêa

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O outro ainda sou eu?

Vejo o outro e, de repente, me toco que só posso reconhecê-lo com meus olhos, meus sentimentos, minhas verdades. Do lugar onde me encontro, o outro se concretiza apenas quando me invade e ocupa em mim uma porção que, embora dele, nunca me ultrapassará.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Acerto final

– O que você quer, senhor Antenore, a inocência? O senhor quer a inocência de volta?, o funcionário do Paraíso me dirá, com a minha ficha suja na mão, todo aquele passado irrecuperável enumerado em itens, um desastre depois do outro; O senhor quer a inocência numa bandeja de ouro à sua disposição, aqui no Céu?

A partir do romance Um Erro Emocional, de Cristovão Tezza 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Intruso

“Faça-me um favor? Retire-se do meu personagem!”

De Eça de Queirós para alguém que, equivocadamente, se julgava retratado pelo romancista
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